Ana Martins Marques

PEQUENA CRÍTICA | A ORDEM DAS COISAS: SOBRE “O LIVRO DAS SEMELHANÇAS”, DE ANA MARTINS MARQUES

por Claudio Medeiros

capa123

Sócrates: (…) Vê se discorro bem! Não haveria dois seres semelhantes, por exemplo Crátilo e a imagem de Crátilo, se um deus imitasse não só a tua cor e a tua forma, como os pintores, mas reproduzisse também, exatamente, todo o teu interior, bem como a tua própria delicadeza e ardor e lhes infundisse monção, alma e pensamento, tais como em ti existem; numa palavra, se colocasse junto de ti uma cópia de todos os pormenores que tu possuis: Haveria então Crátilo e a imagem de Crátilo ou dois Crátilos?
Crátilo: Parece-me que dois Crátilos, Sócrates.

Um mapa não é um duplo menos tangível do real, ele não é um espelho, como também não se esgota na humanização do espaço no plano. A cartografia é a experiência dos limites e das determinações. Antes dela, teria havido algo como a indistinção de uma mata fechada, então alguém propôs inventar a cerca: o mapa surge junto da propriedade privada. Existem cartografias que precisam ser lidas como poesia n’O livro das semelhanças, de Ana Martins Marques. Existem poemas inclusive que, tal como mapas, são idênticos a si, na medida em que exigem a instituição/apropriação de suas heterotopias.

(mais…)

PEQUENA CRÍTICA | BORDADOS SÃO MELHORES DO QUE SELOS?

por Heyk Pimenta

(Resenha do livro Da arte das Armadilhas, de Ana Martins Marques, Companhia das Letras, 2011.)

Todos nós já fomos presas das armadilhas do amor, e mais vezes ainda fomos presas das armadilhas da linguagem (as de amor, conhecemo-las de cor). Quantas vezes nos enganamos sobre o sentido de uma palavra, e mais tarde, mais crescidos, nos enganamos com o sentido de uma conversa inteira? E para aqueles que “lambem as palavras e se alucinam”,  quantas vezes fomos totalmente seduzidos, apreendidos por algo lido ou ouvido, em qualquer idade, e essas palavras se revelaram para nós como uma porta que continha um mundo inteiro para se passear? Enfim, somos experientes presas fáceis às armadilhas do amor e da linguagem, mas teriam elas algo em comum? Essa é a pergunta que faz Ana Martins Marques em Da arte das armadilhas, publicado em 2011 pela Companhia das Letras.

(mais…)