Megamíni

3 poemas | Marcelo Reis de Mello ou o único lugar para ser sincero

por Heyk Pimenta

Quando conseguimos furar o bloqueio do cão-de-guarda-das-gafes-e-atos-constrangedores, por vezes aparece algum traço de sinceridade nos poemas. E isso não tem nada a ver com falar dos próprios defeitos como quem pede esmolinhas, não é estar cagado inteiro e pedir banho a quem passa. Durante o banho, tentar beijar na boca a alma caridosa.
Desde que li os poemas do Marcelo, já em livro, eram do Esculpir a luz, publicado na sua própria editora, a Cozinha Experimental, tive um encontro raro com a sinceridade. O desgraçado cantava os avós, as meninas que quase o mataram, os amigos mortos, sua sujeira, sua pequenez, cantava tudo sem pedir desculpas, sem se gabar, cantava como quem reconhece a correnteza e nada e cansa e entende que não há margem, há só correnteza. (mais…)