por Rafael Zacca
criança triste diante de guerras que não viu
Nas promessas sempre vivem umas quantas crianças, ou, pelo menos, um tom de fábula dos livros infantis. Nelas o que se recusa, já se disse, é justamente a renúncia. É isso o que vive no tom de voz melancólico de Frederico Klumb ao atravessar tempos, lugares e as obras de outrxs artistas, ao carregar, nos seus olhos cineastas, feridas “de guerras / que não viram”. E, tal como as promessas, seus versos surgem sempre diante da probabilidade quase certa do acidente: “a última noite / no corredor da morte / é a mais calma”. O que se recusa, já se disse, é justamente a renúncia. Nos poemas aqui apresentados, essa recusa se manifesta na recriação de pequenos instantes cinematográficos, confundidos à vida do eu-lírico. Junto ao tom melancólico, portanto, quero chamar a atenção para o pequeno frêmito que se agita no fundo de sua poesia: “o sono dos peixes / de olhos abertos”. Ou: filma-se, de olhos fechados. Em um poema publicado recentemente na revista Modo de Usar, Frederico fixa a imagem de sua poesia até aqui na forma de um amor:
………………..você a me dizer
………………..que o que a gente têm é uma pequena
………………..revolução industrial
………………..linda e terrível
Perigo e redenção se confundem em uma mesma expressão. Certa vez, Fred me contou de um acidente que teve no trepa-trepa quando criança. Deve ter batido o queixo 7 vezes, e passou por umas quantas cirurgias. Quando conversamos, tenho a impressão de que esse acidente se repete, e o Fred segue vivo como as crianças seguem vivas depois de pancadas inacreditáveis. Seguem, então, três poemas de F. Klumb.