Adelaide Ivánova publicou “O martelo” (Garupa, no Brasil, e Douda Correria, em Portugal), “Polaroides” (Cesárea), edita o zine MAIS PORNÔ PFVR!, e é
Piriguetismo de guerrilha (Troféu Zé Celso)
Prêmio para poetas que tematizam o tesão, o corpo do prazer e safadeza que o povo gosta
1. Adelaide, o nome desse prêmio veio de um poema seu. Conta pra gente, o que é fazer piriguetismo de guerrilha?
AI: Acho que piriguetismo de guerrilha é o braço armado da proposição que Audre Lorde faz para o uso do erótico. Antes, explico o que quero dizer com “arma”: podem ser protestos, hashtags, grupos de leitura, grupos de consciousness raising, boicotes, intervenções, ocupações — enfim qualquer ação organizada e COLETIVA, como a que Maria Felipa* organizou.
2. E poesia e política, transam? Por quê?
AI: Transam muito. Tipo os poetas da era estalinista. A poesia era fundamental não somente pra ajudar a compreensão dos tempos, mas para mobilizar. E, depois, com o tempo, para contar essa historia. Contá-la, vale dizer, pelo testemunho do oprimido real (viva Mandelstamm) e não pela invenção de uma retórica de opressão, que é o que hollywood fez/faz. Por exemplo: essa confusão entre achar que estalinismo e o projeto marxista são a mesma coisa, vem muito da narrativa safada de hollywood.
3. E poesia e tesão, fazem assembleia?
AI: Mais do que assembleia, poesia e tesão fazem a revolução. Agora, se o poeta for isentão nem catuaba dá jeito ;)
–x–
*BÔNUS: o poema de Adeilaide que deu nome ao prêmio pode ser lido na revista Modo de Usar: http://revistamododeusar.blogspot.com.br/2016/12/serie-as-enterradas-vivas-adelaide.html